Técnicas na Fotografia
Das diferente Técnicas aplicadas na Fotografia
A Fotografia de modo geral pode ser entendida tanto uma arte, como uma mídia de registro visual, onde, por vezes, sua função final pode se confundir um pouco entre esses dois objetos. Como um exemplo mais ilustrativo, podemos dizer que, no passado, quando não havia a existência da fotografia e sua possibilidade de registros fiéis, os quadros e as esculturas cumpriam mais uma função de 'registros visuais' do que de fato uma função de arte como entendemos hoje. A medida que o tempo foi passando e as diversas artes foram ficando mais difundidas, então aqueles registros ou pinturas essencialmente historicistas da Idade Média foram se transformando em registros 'romancistas' ou, mais adiante, 'impressionistas' por exemplo. De todo modo, a diferença de estilos aplicados nas pinturas e esculturas antes da invenção da fotografia, representavam uma sutileza de diferenciação muito menos acentuada do que, por exemplo, ocorreu entre os estilos 'cubistas' ou 'surrealistas', que surgiram após o advento do registro fotográfico.
Quando tratamos de fotografia, assim como ocorria entre os estilos artísticos da Idade Média, a diferença entre uma foto voltada a arte, que visa explorar sensações, e a foto voltada a um registro visual objetivo, é relativamente pequena aos olhos de quem não está ambientalizado à estas análises.
Com a foto de editoriais por exemplo (revistas, jornais ou periódicos), tanto as voltadas ao fotojornalismo como aquelas voltada às propagandas, o registro de um fato ou produto deve se fazer tão claro quanto possível. Já na foto voltada à arte, o registro pode ter maior liberdade expressiva, de modo a fomentar certas sensações com o destaque ou com a indefinição de certos objetos, porém, ainda assim tal liberdade não deve ser confundida com uma falta de domínio da técnica.
Certamente a rápida popularização da fotografia moderna, quando da incorporação de câmeras em aparelhos celulares, trouxe dois lados muito latentes e contrapostos da fotografia; um lado com a popularização e uma maior disseminação dessa como 'arte', e não apenas como registro, e contrapondo este, outro com a falta de qualidade amplamente ofertada em trabalhos tidos como profissionais no mercado atual.
Das principais Técnicas e suas Características
A fotografia antes de sua larga disseminação propiciada pela era digital, tinha como principio básico o registro de uma imagem, em uma superfície previamente preparada, através da alteração de grãos de sais fotossensíveis que reagiam a certa quantidade de luz controlada e, que, sob determinadas reações químicas no processo pós exposição 'revelavam' essa imagem registrada de maneira rigorosamente igual à cena original. Tal processo foi basicamente substituído por sensores eletrônicos, também fotossensíveis que, de maneira muito mais dinâmica, possibilitaram a visualização deste registro fotográfico de maneira imediata e poupando muitas etapas e processos intermediários.
O ganho de produtividade e, logo, o ganho econômico propiciado por essa tecnologia digital são enormes. A possibilidade de fazer o registro, encaminhar ao cliente ou a redação de grupo jornalístico para em poucas horas, ou até minutos, a imagem da notícia ou do produto estarem disponíveis a seus usuários finais é um dos grandes ganhos da fotografia moderna. Mais além, a disseminação da técnica de edição de imagens e, logo, a disseminação de uma cultura familiarizada à apreciação de uma imagem, são claramente outros dos ganhos amplamente disseminados pela troca dos antigos processos químicos pelos processos digitais.
De todo modo, devemos lembrar que apesar de toda essa revolução, a fotografia em sua essência não se alterou de maneira tão exponencial quanto sua velocidade de reprodução desde seu inicio até os tempos de hoje. O fato de se poder editar cores, contrastes, tonalidades e dimensionamentos de uma imagem em poucos segundo através de ferramentas disponibilizadas em 'softwares' de edição, de modo algum correspondem a uma realidade de que isso não era possível anteriormente. Podemos afirmar com boa margem de acerto que praticamente 90% das ferramentas de edição de um programa de edição digital contemporâneo já existiam e já eram passiveis de aplicação nos laboratórios de fotografia de décadas atrás. Quem já teve a oportunidade de trabalhar com os sistemas de revelação e ampliação químicos sabe que, mesmo que o processo seja diversas vezes mais lento e mais oneroso, por sua vez, era realizado de maneira muito mais criteriosa.
Dentre as diferenças que ocorre no resultado final de uma imagem feita através do processo digital e outra através do processo analógico, podemos citar duas características mais notáveis: uma chamada 'latitude' e outra 'nitidez'.
A latitude em fotografia é basicamente uma maior capacidade de registro gradual de luzes com intensidades opostas, ou seja, uma capacidade de registro bem definido não apenas do branco mais claro e do preto mais escuro, mas também sua habilidade de fazê-lo de modo mais gradual, dentro de uma maior escala de tonalidade e, logo, menos contraste. Podemos citar a falta de latitude como um dos pontos mais fracos da fotografia digital. Ao mesmo tempo que as tecnologias dos programas de registro das imagens na própria câmera buscam atenuar essa condição de baixa latitude com a composição de diversas exposições diferentes, quando comparado aos registros realizados por filmes analógicos, com uma sensibilidade exponencialmente ampliada no registro de luzes e tons por parte dos grãos, a fotografia digital se mostra mais limitada nesse quesito.
De maneira alguma devemos considerar qualquer uma dessas técnicas melhor do que a outra, cada uma possui suas características e certamente devem ser exploradas de modo a se atingir o efeito desejado. Claro que, mais uma vez, para as aplicações que exigem maior dinâmica na produção e que diretamente se mostrem afetadas pelo alto custo da fotografia analógica, a fotografia digital será economicamente superior, independente de quaisquer outros fatores de qualidade, porém, para uma fotografia que se envolva mais na esfera da arte do que do registro, esses detalhes muitas vezes fazem diferença.
Quanto a questão da nitidez mencionada, essa mais presente na fotografia digital do que na analógica, podemos dizer que tal característica está diretamente ligada a questão da baixa latitude. Uma vez que estudos demonstram que o contraste é um dos parâmetros de nitidez, fundamental na diferenciação dos diferentes elementos de uma imagem, de maneira mais imediata, podemos dizer que a nitidez em imagens digitais se mostram mais presentes.
Mais uma vez não devemos entender essa como uma característica exclusiva da fotografia digital, porém essa condição é mais facilmente alcançada pelas câmeras de pequeno formato (35mm) que são as mais difundidas no mercado. Quando tratamos de câmeras de formatos maiores essa diferença de nitidez vai se extinguindo e, mesmo quando no uso de filmes, em câmeras como as de Médio e Grande Formatos (120mm e 4x5/8x10), que até hoje dominam como as mais indicadas em termos de qualidade e primor na fotografia profissional, a questão de nitidez se torna um detalhe menor.
Imagens comparativas de uma mesma foto realizada em um Filme PB ASA 400 e um Filme Positivo ASA 100, ambas através de uma câmera Médio Formato (120mm) e com seus respectivos detalhes ao lado direito da imagem. Como é possível reparar, na foto PB, apesar da ASA 400 e de seu grão maior, tanto a questão de nitidez e definição, quanto a questão de latitude se mostram superiores às da foto colorida.
Isso demonstra o quão superior o filme PB é em relação ao Positivo em condições adversas de luz (note-se que há pelo menos seis pontos de diferença de luz entre a parte clara e a parte escura da foto, porém, devemos salientar também que, mesmo o filme Positivo tendo um desempenho inferior ao do PB, no caso de uma fotografia digital deste mesmo cenário, em função da sua baixa latitude de registro, sem a correção automatizada de luz (o que acaba por tornar a imagem essencialmente artificial) teríamos ou o fundo bem expostos, ou a parte interna do ambiente, mas um dos dois estariam ilegíveis, o que não chega a ocorrer com o filme.
Em estudos modernos foi possível identificar de maneira muito precisa o tamanho dos grãos utilizados na fotografia analógica em comparação ao tamanho dos pixels de capitação utilizados pelos sensores digitais e, como resultado de tais estudos, foi possível determinar de modo bem acentuado quais as vantagens e desvantagens no uso dos filmes ou de câmeras digitais na fotografia contemporânea.
Como resultado desses estudos, de maneira direta foi constatado que os filmes voltados a fotografia PB (Preto e Branco), por seus tipos de sais utilizados acabam por ter em um único grão tamanho até dez vez menor do que um pixel de sensor digital. O que, mais uma vez de maneira direta, ou seja, sem considerar intensidade e tempo de luz que possam afetar negativamente a percepção de nitidez da imagem, pode-se dizer que uma foto PB em filme, mesmo que em Pequeno Formato, têm uma capacidade maior de melhores resultados do uma câmera digital.
O mesmo não ocorre com os filmes coloridos positivos (para efeito de comparação não foram considerados os filmes negativos que possuem características ainda mais especificas), esses, ainda que possuam melhor latitude do que as câmeras digitais, em questão de tamanho dos grãos, apesar de existir filmes de grãos finos que se equiparam ao tamanho de um pixel, possuem em sua média um grão três vezes maior do que um pixel de sensor digital. O que, novamente, deve ser abordado de maneira relativa. Uma vez que haja uma luz considerada ideal e seja utilizada uma lente de primeira qualidade, isso fará com que esse grão atinja melhor definição e logo resultará em uma imagem de qualidade provavelmente superior a de uma câmera digital mesmo que em pequeno formato. Nas câmeras de Médio e grandes Formatos, como já exposto, as vantagens das câmeras digitais se mostram pormenorizadas uma vez que a superfície de registro de um filme 4x5 por exemplo, com sua quantidade muito superior de grãos, acaba por superar facilmente a quantidade de pixels de um câmera digital.
Logo, podemos concluir que o domínio de todas as técnicas e opções de registro de uma imagem se faz necessário para o alcance de uma foto realmente primorosa. De outro modo que não o conhecimento técnico, uma imagem só pode atingir seu potencial máximo com base em um processo de 'tentativa e erro'. Deve-se salientar porém que os processos analógicos só atingiram maior grau de assertividade com o uso de escâneres modernos, capazes de digitalizar os filmes revelados e logo aplicar um processo de finalização das imagens mais cuidadoso e, aí sim, em meio digital. Os escâneres modernos, juntamente com suas técnicas de escânemanento desenvolvidas, são hoje capazes digitalizar pixels menores do que um grão, logo nota-se que as opções de registro fotográficos se tornaram imensamente maiores do que o simples registro automático de uma câmera eletrônica.
Um bom entendimento de que os processos analógicos ainda são ainda hoje muito utilizados, está no fato de alguns dos fotógrafos mais prestigiados da atualidade ainda utilizam esse tipo de técnica e, mais do que isso, as marcas mais conceituadas de equipamentos e de filmes ainda continuam a produzir equipamentos e insumos voltados ao mercado analógico.
Como consideração final, podemos entender que, independente da técnica e do equipamento utilizado, sob condições ideais de luz, qualquer equipamento, até mesmo um celular com sua pequena lente posicionada tão próxima ao sensor, pode resultar em uma foto de qualidade. O que deve-se de fato considerara na fotografia contemporânea, não é se a foto foi feita dessa ou daquela maneira, mas sim se ela atingiu seu objetivo de expressão da cena selecionada e não se apresentou apenas como um registro automático.
